Teorema de Löb

O teorema de Löb na lógica matemática, estabelece que em uma teoria com aritmética de Peano, para qualquer fórmula P, se é possível demonstrar que “se P é demonstrável, então P é verdadeiro", então P é demonstrável. I.e.

s e   P A ( B e w ( # P ) P ) , e n t a o   P A P {\displaystyle \mathrm {se} \ PA\vdash (Bew(\#P)\rightarrow P)\mathrm {,entao} \ PA\vdash P}

Onde Bew(#P) significa que a fórmula P com número de Gödel #P é demonstrável.

O teorema de Löb deve seu nome a Martin Hugo Löb, que o formulou em 1955.

O teorema de Löb na lógica demonstrativa

A lógica demonstrativa se abstrai dos detalhes das fórmulas utilizadas nos teorema de incompletude de Gödel expressando a demonstrabilidade de P no sistema dado e na linguagem da lógica modal, por meio da modalidade. Pode-se formalizar o teorema de Löb mediante o axioma:

( P P ) P , {\displaystyle \Box (\Box P\rightarrow P)\rightarrow \Box P,}

Conhecido como axioma GL, de Gödel-Löb. O mesmo às vezes é formalizado por meio da seguinte regra de inferência:

P {\displaystyle P}

De

P P . {\displaystyle \Box P\rightarrow P.}

A lógica demonstrativa GL, que resulta de tomar a lógica modal K4 e agregar-lhe o axioma GL, é o sistema investigado com maior intensidade na lógica demonstrativa.

Prova Modal do teorema de Löb

O teorema de Löb's pode ser provado por meio da lógica modal usando apenas algumas regras básicas de prova mais a existência de pontos fixos modais

Fórmulas Modais

Vamos admitir a seguinte gramática para fórmulas:

  1. Se X {\displaystyle X} é uma variável proposicional, então X {\displaystyle X} é uma fórmula.
  2. Se K {\displaystyle K} é uma constante proposicional, então K {\displaystyle K} é uma fórmula.
  3. Se A {\displaystyle A} é uma fórmula, então A {\displaystyle \Box A} é uma fórmula.
  4. Se A {\displaystyle A} e B {\displaystyle B} são fórmulas, então também são ¬ A {\displaystyle \neg A} , A B {\displaystyle A\rightarrow B} , A B {\displaystyle A\wedge B} , A B {\displaystyle A\vee B} , e A B {\displaystyle A\leftrightarrow B}

Uma sentença modal é uma fórmula modal que não contém variáveis proposicionais. Utilizamos A {\displaystyle \vdash A} para exprimir que A {\displaystyle A} é um teorema

Pontos Fixos Modais

Se F ( X ) {\displaystyle F(X)} é uma formula modal com somente uma variável proposicional X {\displaystyle X} , então um ponto fixo modal de F ( X ) {\displaystyle F(X)} é uma sentença Ψ {\displaystyle \Psi } tal que

Ψ F ( Ψ ) {\displaystyle \vdash \Psi \leftrightarrow F(\Box \Psi )}

Vamos supor a existência de tais pontos fixos para toda fórmula modal com uma variável livre. Isto, naturalmente, não é uma coisa óbvia para assumir, mas se nós interpretamos {\displaystyle \Box } como prova na aritmética de Peano, então a existência de pontos fixos modais é de fato verdade.

Regras Modais de Inferência

Além da existência de pontos fixos modais, assumimos as seguintes regras de inferência para o operador {\displaystyle \Box }  :

  1. De A {\displaystyle \vdash A} infere-se A {\displaystyle \vdash \Box A} : Informalmente, isto diz que se A é um teorema, então é demonstrável.
  2. A A {\displaystyle \vdash \Box A\rightarrow \Box \Box A} : Se A é demonstrável, então é provado que é demostrável.
  3. ( A B ) ( A B ) {\displaystyle \vdash \Box (A\rightarrow B)\rightarrow (\Box A\rightarrow \Box B)} : Esta regra permite que você faça modus ponens. Se é demonstrável que A implica B, e A é demonstrável, então B é demonstrável.

Prova do teorema de Löb

  1. Suponha que haja uma sentença modal P {\displaystyle P} tal que P P {\displaystyle \vdash \Box P\rightarrow P} . Grosseiramente falando, é um teorema que se P {\displaystyle P} é demonstrável, então ele é, de fato, verdadeiro.
  2. Seja Ψ {\displaystyle \Psi } uma sentença tal que Ψ ( Ψ P ) {\displaystyle \vdash \Psi \leftrightarrow (\Box \Psi \rightarrow P)} . A existência de tal sentença segue a existência de um ponto fixo de fórmula F ( X ) == X P {\displaystyle F(X)==X\rightarrow P} ..
  3. De 2, segue-se que Ψ ( Ψ P ) {\displaystyle \vdash \Psi \rightarrow (\Box \Psi \rightarrow P)} .
  4. Da regra de inferência 1, segue-se que ( Ψ ( Ψ P ) ) {\displaystyle \vdash \Box (\Psi \rightarrow (\Box \Psi \rightarrow P))} ..
  5. De 4 e da regra de inferência 3, segue-se que Ψ ( Ψ P ) {\displaystyle \vdash \Box \Psi \rightarrow \Box (\Box \Psi \rightarrow P)} ..
  6. Da regra de inferência 3, segue-se que ( Ψ P ) Ψ P {\displaystyle \vdash \Box (\Box \Psi \rightarrow P)\rightarrow \Box \Box \Psi \rightarrow \Box P}
  7. De 5 e 6, segue-se que Ψ Ψ P {\displaystyle \vdash \Box \Psi \rightarrow \Box \Box \Psi \rightarrow \Box P}
  8. Da regra de inferência 2, segue-se que Ψ Ψ {\displaystyle \vdash \Box \Psi \rightarrow \Box \Box \Psi }
  9. De 7 e 8, segue-se que Ψ P {\displaystyle \vdash \Box \Psi \rightarrow \Box P}
  10. De 1 e 9, segue-se que Ψ P {\displaystyle \vdash \Box \Psi \rightarrow P}
  11. De 10 e 2, segue-se que Ψ {\displaystyle \vdash \Psi }
  12. De 11 e da regra de inferência 1, segue-se que Ψ {\displaystyle \vdash \Box \Psi }
  13. De 12 e 10, segue-se que P {\displaystyle \vdash P}

Referências

  • Hinman, P. (2005). Fundamentals of Mathematical Logic. [S.l.]: A K Peters. ISBN 1-56881-262-0 
  • Boolos, George S. (1995). The Logic of Provability. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 0-521-48325-5 

Ligações externas

  • Löb's theorem at PlanetMath (em inglês)
  • The Cartoon Guide to Löb’s Theorem, by Eliezer Yudkowsky (em inglês)
  • Generalized Löb's Theorem.Jaykov Foukzon (em inglês)
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